A ideia de um mundo virtual onde as pessoas podem se conectar e interagir já apareceu em muitas histórias diferentes. Entre exemplos, podemos citar Neuromancer de William Gibson e Matrix das irmãs Wachowski. Dentre todas as histórias, a representação mais completa dessa ideia se encontra no metaverso de Neal Stephenson.
Termo metaverso
Em 2022, metaverso ficou entre as três palavras do ano da Oxford University Press. A palavra refere-se a um mundo virtual onde as pessoas podem se conectar e se comportar como se estivessem no mundo real. Essa ideia tem ganhado popularidade entre líderes de tecnologia como Mark Zuckerberg, que acredita que será a próxima grande revolução tecnológica.
O que muitos não sabem é que o termo metaverso foi criado pelo escritor americano de ficção científica Neal Stephenson, em Snow Crash. Dessa forma, ele juntou as palavras “meta” (que pode ser traduzida do inglês como “transcendente” ou “mais abrangente”) e “universo”. No livro, os personagens usam avatares digitais para entrar em um universo online, na maioria das vezes para fugir dos horrores de uma realidade distópica.
O conceito de um mundo paralelo construído digitalmente e sustentado por meio de computadores e servidores permeou diversas obras do subgênero cyberpunk entre os anos 1980 e 2000. Então, junto com Neuromancer, de William Gibson, o livro é considerado um dos marcos do gênero cyberpunk e se tornou inspiração fundamental para a criação de ambientes e realidades virtuais.
Snow Crash
A primeira publicação da história no Brasil ocorreu em 2008, e a HBO já adaptou ela como série.
A história segue o personagem principal, Hiro Protagonist, um entregador de pizza. Então, quando ele coloca seus óculos de realidade virtual, ele se transforma em um dos mais respeitados hackers do mundo, por também ser um dos criadores do código original do metaverso.
A trama se desenvolve enquanto ele luta contra um vírus mortal chamado Snow Crash que está matando os usuários de realidade virtual. O livro explora temas como a tecnologia, a linguística, a política e a cultura dos EUA. É notável por sua visão futurista e seus comentários sobre a sociedade e a tecnologia. Alguns críticos o consideram um clássico moderno da ficção científica.
Hiro é um símbolo da globalização há muito prevista, lançado originalmente em 1992. Ele é uma figura cultural e etnicamente ambígua, uma mistura de ocidental, africano e asiático. Na obra, Neal Stephenson apresenta uma visão futurista de um cenário anarcocapitalista onde as empresas são muito mais poderosas e influentes do que os governos. Assim, ele mostra como a privatização de quase todo o território americano, com cada pedaço controlado por uma corporação com suas próprias leis, acaba desencadeando uma série de conflitos sem fim.
É interessante notar como este romance foi escrito antes de empresários como Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e Bill Gates terem acumulado tanto poder econômico e político a ponto de seus conglomerados de empresas competirem com governos em todo o mundo.
Metaverso
A ideia de metaverso se baseia em um ambiente digital imersivo onde as pessoas podem se comunicar e interagir como se estivessem juntas presencialmente. Mas a popularidade desta ideia provavelmente se deve ao distanciamento social que marcou os anos de 2020 e 2021 devido a pandemia de covid-19.
A Bloomberg estimou que o mercado do metaverso deve movimentar cerca de US$ 800 milhões até 2024, mesmo sem ter sido formalizado ainda. A consultoria Gartner prevê que as pessoas devem passar uma hora por dia no metaverso até 2026. Então isso tem atraído a atenção de grandes empresas como Google, Microsoft, Disney, Nvidia, Epic Games e até mesmo empresas de outros setores como Nike e Walmart, que já estão investindo na tecnologia do metaverso.
O metaverso se torna cada vez mais possível com a nova era da internet web3. Conhecimentos de diversas áreas precisam ser utilizados para desenvolver o ambiente virtual da forma mais saudável e útil para os usuários, como por exemplo a arquitetura.