A ideia de uma web3 já vinha sendo compartilhada há muito tempo, apresentada ao público em 2006 por Tim Berners-Lee, físico, professor do MIT e criador do primeiro protocolo do World Wide Web, a Web 1.0.

O que é web3?

A definição mais consistente foi dada anos depois por Gavin Wood, cofundador da blockchain Ethereum e da Web3 Foundation. Em 2014, ele publicou o termo em um post de blog. Traduzindo para português, ele escreveu:

“A Web 3.0, ou como pode ser chamada de web “pós-Snowden”, é uma reimaginação dos tipos de coisas para as quais já usamos a web, mas com um modelo fundamentalmente diferente para as interações entre as partes. Informações que assumimos serem públicas, publicamos. As informações que supomos serem acordadas, colocamos em um registro de consenso. Informações que assumimos como privadas, mantemos em segredo e nunca revelamos.”

No caso, “pós-Snowden” é uma referência ao escândalo de espionagem pela NSA, que aconteceu quando Edward Snowden tornou público o detalhe de vários programas da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

O conteúdo do post  de Gavin Wood gira em torno dos principais aspectos que ele imaginou para essa nova onda da internet: “publicação de conteúdo estático, mensagens dinâmicas, transações sem confiança e uma interface de usuário integrada”. Hoje, muito do web3 é construído sobre esses princípios.

Sobre a web 1.0

Se pensarmos sobre o início da internet, veremos que sua ideia inicial era um tanto diferente e o caminho que seguiu é surpreendente.

A internet foi criada no ano de 1969, nos Estados Unidos. Seu nome era diferente, Arpanet, e tinha como função interligar laboratórios de pesquisa. Tais laboratórios teriam seus computadores conectados uns com os outros para acesso de artigos e documentos, com base em links de hipertexto. Foi nesse período em que as páginas da web começaram a aparecer.

Acontece que, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, a internet teve uma adoção em massa pelo público em geral. As pessoas viram que podiam compartilhar mais que artigos científicos. Ainda predominantemente usada para obter informações através de textos, os internautas conseguiram compartilhar muito mais.

Em pouco tempo a web 1.0 estava repleta de blogs pessoais, sites de empresas e quadros de mensagens, e dependia de protocolos abertos. Uma de suas maiores características é que era estático, que, resumidamente, significa que os sites na web 1.0 não eram interativos. Podemos resumir como a web “somente leitura”.

Sobre a web 2.0

A Web 2.0 teve seu marco com o uso da internet móvel. Ela é fortemente impactada pelas plataformas de mídia social e grandes instituições financeiras. Ainda hoje a maior parte da internet usa a web 2.0.

Porém, não é como se alguém tivesse baixado uma nova versão da internet e agora todo mundo está na web3. As coisas são um pouco mais conceituais do que isso. Caso tenha dúvidas se está usando a web 2.0, veja quais aplicativos você usou para mandar mensagens hoje e como você verificou o saldo de sua conta corrente.

Ainda sobre a web 2.0, é possível resumí-la em pessoas co-criando conteúdo com os sites e aplicativos que estavam usando (leia-se: preenchendo e personalizando seu perfil em uma rede social). 

Porém, é aqui que está a grande questão. Mesmo que você tenha colocado seu nome, seus dados pessoais, todas as fotos da sua gatinha chamada Paçoca e feito com que pareça que é seu, todas as imagens, dados e informações compartilhados nessas plataformas pertencem às empresas que as possuem – não a você. Muitos se referem à web 2.0 como a web de “leitura-gravação”.

Finalmente, a web3!

Ou W3, Web 3.0 ou World Wide Web 3.0, …

E é justamente essa questão que nos leva até a web 3.0. Com o intuito de eliminar o monopólio das informações, é idealizado um modelo de internet onde a propriedade não está nas mãos das grandes corporações. Mas sim, o direito desses dados é justamente das pessoas que o possuem.

Por muito tempo não havia como aplicar esse conceito. Mesmo com a internet em constante evolução, na maioria das vezes, ela não acompanha a velocidade das ideias. Finalmente se tornou possível com o desenvolvimento da tecnologia blockchain.

A natureza descentralizada do blockchain facilita a criação da web3 pois permite aos usuários registrar publicamente, de forma permanente e imutável a criação e a propriedade de seus itens. Ao criar um dado (seja ele com imagem, arte, música, texto, etc.) o conteúdo fica registrado na blockchain em forma de NFT. É o que agora está sendo chamado de web “ler-escrever-própria”.

Bom, como já estamos dando os primeiros passos junto dessa tecnologia da informação descentralizada, mas ainda temos um pé na antiga e ainda dominante web2, como saber o que é e o que não é a web3?

Mesmo que recente, a blockchain já tem um uso expressivo em transações financeiras e para registros de propriedade em geral. Saiba um pouco mais sobre o que está sendo feito atualmente.

NFTs

Um NFT (token não fungível em português) é um item digital exclusivo armazenado em um blockchain. Desde arte, fotos de perfil, colecionáveis, nomes de domínio, e até ingressos e associações, jogos e ferramentas de jogos, mundos virtuais; tudo isso pode ser um NFT.

Criptomoeda

Criptomoeda é uma moeda digital apoiada pelo blockchain. Então isso permite transações verificadas por uma rede de computadores em vez de uma entidade ou autoridade centralizada.

DAOs

DAOs (organizações autônomas descentralizadas) são organizações sem liderança exclusiva. Portanto, são controlados pelos usuários que compõem a organização. É possível administrar qualquer coisa, desde doações de caridade a redes de negócios e educação.

dApps

dApps é uma forma abreviada de “aplicativos descentralizados”. Embora não precisem necessariamente ser descentralizados, os dApps utilizam protocolos descentralizados.

Metaverso

O metaverso é o nome dado a uma realidade virtual aumentada onde os usuários podem interagir com o espaço digital. É uma maneira diferente e mais imersiva na forma como os usuários interagem com a Internet. De forma bastante resumida, seria uma nova maneira de as pessoas usarem VR e AR para socializar. Mas também existe o fato de que nem todos os metaversos sejam ou venham a ser construídos na tecnologia web3.

E o futuro nos aguarda

Então já temos muitas coisas para aprender sobre a web3, mesmo que ainda no começo. E no mundo digital é assim, sempre em evolução. No futuro teremos ainda mais novidades sobre o uso do blockchain e a forma que isso afetará nossas vidas. É provável que muito em breve, quem sabe, o termo web3 já pareça desatualizado.

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